terça-feira, 25 de setembro de 2012

Vai chover!


Deu aquele nó de novo
que só dá quando o tempo fecha
e sobe o cheiro de terra molhada

- Vai chover!

Mainha nunca errou uma vez sequer
e eu aprendi.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Pra sonhar


E quando você chega no fim da linha
da última curva da estrada
e grita ao garçom
um gole de rum 
ou qualquer dose forte
que acalme os passos
as veias
os olhos 

é hora de amortecer o grito
recomeçar a trilha
pra lembrar do outro lado
pra se orientar
pra sonhar.






domingo, 26 de agosto de 2012

Do tamanho que interessa


Eu vi,
Numa casca modificada
uma pessoa invisível
apenas

Eu vi,
no contorno do sorriso
o desenho de palavras soltas
com força
mas sem eco
sem sustento

Eu vi,
uma pessoa que não se conhece
que pertence a um espaço vazio
e tem medo de deixar transbordar

Uma essência rapinada.

Há quem precise diminuir pra aparecer!

Bem dentro dos olhos,
eu vi,
do tamanho que interessa
um caminho lindo
e real.
Totalmente oculto.

Que um dia eles se encontrem!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

É!



É como que,
se parar,
desaparece.

então, reviro
e reinvento

e desvendo
os finais das palavras abreviadas
o resumo rápido pra não perder o assento
o clima do dia

enquanto que,
a tecnologia alimenta o sexo
os pixels, os íons
o talvez amanhã

é como que,
se acostumar,
desapareço.

segunda-feira, 28 de maio de 2012

De quando eu escrevi uma coisa triste



O sol entrou bem cedo pela janela 
o coração estava agoniado
e um telefonema acionou a marcha ré

Não vou me acostumar com essa coisa de morte 
por mais explicações que tenho sobre ela. 
Agora é tentar organizar os dias... 
Respirar fundo e organizar os dias...

O tempo é sábio, 
as palavras e lembranças confortam, 
mas a saudade dói nos dois mundos
e o corpo precisa chorar.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Como ser outro antes de ser cinzas?



Deixar pra traz a caixa de concreto
com paredes reverber
janelas com cortinas de seda
e porta delay
é atirar uma pedra na vidraça do vizinho
e pedir uma xícara de açúcar no dia seguinte


é se arrepender da tatuagem tribal
na fase rebelde dos 18

dizer no fim de uma noite insana
o tal do “nunca mais eu...”

provar um santo veneno
lamber as pontas dos dedos
acordar de ressaca
e tomar um banho de gilete 
num pote de  álcool
com cara de piscina do prédio no verão

sentir o gosto do sal
das lágrimas de Nietzsche
e só ter forças pra chamá-lo de louco

Recomeçar
é antes de qualquer coisa
enlouquecer

Pra nascer
É preciso morrer
de pé
e saber que no fundo do poço
tem eco

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Essa luta inconstante por razões invisíveis


E de repente dá aquela vontade de chorar
aquele nó que tranca o peito
trava a respiração
faz sentir as pessoas no salão dançando em velocidade alterada
e você no meio
enlouquecendo
e sentindo o som entrando aos poucos
fora de andamento
até explodir

Era como se você soubesse que o telefone vai tocar e a lágrima vai cair.

É a sensação de algo errado por perto
da reposição do sangue
da mudança inesperada
da fuga do autocontrole 

Não tem dose de álcool
nem incenso Nag Champa
nem vela acesa
que regule o movimento

Essa luta inconstante de razões invisíveis
faz sentir a fraqueza ironizando o comportamento Robin Wood

E você descobre que a tristeza faz bem
que pra se equilibrar na corda bamba é preciso respirar
chorar
e sorrir

E você começa a se sentir a pessoa mais forte 
do mundo
quando permite que seu corpo sinta todas essas sensações

Hoje,
eu sou triste e sou alegre
Um pouquinho de cada e a balança mostra o peso certo
pra tudo.