quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Como ser outro antes de ser cinzas?



Deixar pra traz a caixa de concreto
com paredes reverber
janelas com cortinas de seda
e porta delay
é atirar uma pedra na vidraça do vizinho
e pedir uma xícara de açúcar no dia seguinte


é se arrepender da tatuagem tribal
na fase rebelde dos 18

dizer no fim de uma noite insana
o tal do “nunca mais eu...”

provar um santo veneno
lamber as pontas dos dedos
acordar de ressaca
e tomar um banho de gilete 
num pote de  álcool
com cara de piscina do prédio no verão

sentir o gosto do sal
das lágrimas de Nietzsche
e só ter forças pra chamá-lo de louco

Recomeçar
é antes de qualquer coisa
enlouquecer

Pra nascer
É preciso morrer
de pé
e saber que no fundo do poço
tem eco

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Essa luta inconstante por razões invisíveis


E de repente dá aquela vontade de chorar
aquele nó que tranca o peito
trava a respiração
faz sentir as pessoas no salão dançando em velocidade alterada
e você no meio
enlouquecendo
e sentindo o som entrando aos poucos
fora de andamento
até explodir

Era como se você soubesse que o telefone vai tocar e a lágrima vai cair.

É a sensação de algo errado por perto
da reposição do sangue
da mudança inesperada
da fuga do autocontrole 

Não tem dose de álcool
nem incenso Nag Champa
nem vela acesa
que regule o movimento

Essa luta inconstante de razões invisíveis
faz sentir a fraqueza ironizando o comportamento Robin Wood

E você descobre que a tristeza faz bem
que pra se equilibrar na corda bamba é preciso respirar
chorar
e sorrir

E você começa a se sentir a pessoa mais forte 
do mundo
quando permite que seu corpo sinta todas essas sensações

Hoje,
eu sou triste e sou alegre
Um pouquinho de cada e a balança mostra o peso certo
pra tudo.