Deixar pra traz a caixa de concreto
com paredes reverber
janelas com cortinas de seda
e porta delay
é atirar uma pedra na vidraça do vizinho
e pedir uma xícara de açúcar no dia seguinte
é se arrepender da tatuagem tribal
na fase rebelde dos 18
dizer no fim
de uma noite insana
o tal do “nunca mais eu...”
provar um santo veneno
lamber as pontas dos dedos
acordar de ressaca
e tomar um banho de gilete
num pote de álcool
com cara de piscina do prédio no verão
sentir o gosto do sal
das lágrimas de Nietzsche
e só ter forças pra chamá-lo de louco
Recomeçar
é antes de qualquer coisa
enlouquecer
Pra nascer
É preciso morrer
de pé
e saber que no fundo do poço
tem eco