Entrei no museu
Parei em frente a uma obra de arte
e li ao lado uma placa que dizia:
Favor não tocar
O que pra mim significa:
Espere o guarda sair
A obra era um quadro com um homem lindo desenhado
carregava no ombro um menininho e ao lado,
sentada em uma pedra, tinha uma mulher loira,
parecia ser mais velha,
seu rosto estava totalmente desfocado –
- não sei que nome dá a esse efeito em pinturas -
mas parecia ser proposital.
Eles estavam em um lugar alto, tipo montanha
e um céu azul
se destacando ao fundo
– muito azul –
era o que mais chamava a atenção.
Fiquei horas olhando,
pensando de onde eu conhecia aquele lugar,
aquelas pessoas.
E esperando o guarda sair, claro.
Era um quadro e só – pra uns.
Mas eu queria tocá-lo e nada me impediria
O guarda saiu.
Rapidamente levei minha mão na tela
que diretamente tocou o rosto do homem lindo,
a criança sorria pra mim.
Passei a mão delicadamente em seus cabelos encaracolados,
senti seus lábios, sua textura,
como se ele tivesse mesmo ali, parado
em minha frente
O fundo azul nos aproximava ainda mais,
como se o empurrasse pro meu colo.
Dava pra sentir que ele queria.
Ouvi os passos do guarda.
Era domingo e anunciavam sua volta.
Me despedi. Ri de mim mesma por aquele momento.
Chorei por uma saudade inexplicável
e boa,
e louca,
e
mágica.
E assim, sempre que posso vou visita-lo.
Leio um poema, escrevo um poema
e ele tá lá eternizado na
obra de arte que mudou a minha visão.
E assim, sempre que posso vou tocá-lo.
É só esperar o guarda sair.