segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Doces ou Travessuras?


Viro abóbora a cada fim de semana
E me divirto
Levando doces de porta em porta
Batendo nas horas
Esperando o outro dia chegar

Me fantasio de fantasma
E perturbo sonos
Prego peças
Junto peças
Equilibro peças

Tenho contos assustadores
Que fazem arrepiar
Histórias loucas e reais
de bruxinha sem vassoura

Faço feitiço!

É meia noite
E eu quero sempre mais
E você, o que quer?
Doces ou Travessuras?

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Nem Santa e nem Puta


Essa é a 6ª garrafa
Me sinto uma Santa Puta
Metade quer chorar,
desfazer tudo que não sustenta
tudo que tira o sono
tudo que é pecado
e com um terço na mão
de joelhos
flagelar todos os meus pensamentos impuros
em 7 dias
a luz de uma vela
que me lembra o oposto
e faz a outra metade se contorcer
de vontade
de saudade
de uma voz no ouvido arrepiando a nuca,
uma língua caminhando por todo o desejo,
e o entrelaçar de 4 pernas desesperadas.

Nem Santa e nem Puta
agora eu só consigo sentir os meus dedos
e nada mais.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Eu vi na novela

E foi igual com ela
Botou pra dentro
pra botar pra fora,
sentiu um quase último suspiro
e seguiu as linhas tortas
de um papel timbrado
até a última página


Ouviu uma voz longe
um sinal
uma vontade contida - equilibrada
e sabia que sua missão estava se cumprindo


Era ela que o salvaria
dando-lhe tapas no coração
e puxando suas calças com força
fazendo-o se sentir o melhor dos animais


Ela o comeu.
Devorou com os quadris todo o seu juízo
até a alma
Acordou um gigante sem armas
e o jogou para a próxima batalha


E agora ele teria que seguir
sozinho
contra o tempo
tic
tac
tic
tac
...
eu vi na novela.















domingo, 23 de outubro de 2011

O menino diabo



Ombro pesado
Respiração profunda
O menino diabo passeia por aqui

Borboletas alvoroçadas
testam meu equilíbrio
sem pausa entre os compassos.
Uma dança perfeita de sensações
que se entregam a distância
e se erguem em silêncio

Mente em repouso
coração de férias
e o embaraçar dos fatos encurtam a volta
Um caminho  traçado
por amores de graça
e trilha com volume próprio

Mãos geladas
coração regulado
alma tranquila
O menino diabo resolveu obedecer

sábado, 22 de outubro de 2011

Favor não tocar


Entrei no museu
Parei em frente a uma obra de arte
e li ao lado uma placa que dizia:
Favor não tocar
O que pra mim significa:
Espere o guarda sair

A obra era um quadro com um homem lindo desenhado
carregava no ombro um menininho e ao lado,
sentada em uma pedra, tinha uma mulher loira,
parecia ser mais velha,
seu rosto estava totalmente desfocado –
- não sei que nome dá a esse efeito em pinturas -
mas parecia ser proposital.
Eles estavam em um lugar alto, tipo montanha 
e um céu azul se destacando ao fundo
 – muito azul – 
era o que mais chamava a atenção.

Fiquei horas olhando,
pensando de onde eu conhecia aquele lugar,
aquelas pessoas.
E esperando o guarda sair, claro.

Era um quadro e só – pra uns.
Mas eu queria tocá-lo e nada me impediria

O guarda saiu.
Rapidamente levei minha mão na tela
que diretamente tocou o rosto do homem lindo,
a criança sorria pra mim.

Passei a mão delicadamente em seus cabelos encaracolados,
senti seus lábios, sua textura,
como se ele tivesse mesmo ali, parado
em minha frente
O fundo azul nos aproximava ainda mais,
como se o empurrasse pro meu colo.
Dava pra sentir que ele queria.

Ouvi os passos do guarda.
Era domingo e anunciavam sua volta.
Me despedi. Ri de mim mesma por aquele momento.
Chorei por uma saudade inexplicável 
e boa, 
e louca, 
e mágica.

E assim, sempre que posso vou visita-lo.
Leio um poema, escrevo um poema 
e ele tá lá eternizado na obra de arte que mudou a minha visão.
E assim, sempre que posso vou tocá-lo.
É só esperar o guarda sair.



Soneto do nunca antes


Derreto os meus pensamentos
pingo a pingo
que transbordam
e me afogo
em uma única gota

Mergulho em um copo vazio
dose por dose
que embriaga
e me sufoco
em todo o ar puro

Entrego os meus dias
verso por verso
que contradizem
e me desperta
em toda noite que eu acordo
do nunca antes


Respirar fundo


Eu só preciso respirar fundo
Encher o peito
E soltar
Algumas vezes

Eu só preciso ser metade
Mas eu transbordo
Inundo
Rumino
Desfaço

Sou flecha, sou arco
Sou alvo
Uma maçã de olhos vendados

E os movimentos se organizam
No tempo deles
Os sentidos tomam forma
Gosto
Tato

E eu que sou tanto
Só preciso de um pouco
De ar
Pra respirar
E respirar
Fundo
E soltar
Algumas vezes

O gozo



-Primeiro você
Faço questão
-É costume
Obrigada

-Agora você
Me dá 10 minutos
-É tranquilo
Desculpa

Vamos?
-Dor de cabeça
Depois reclama
-Prazer

Um poema qualquer




Era pra ser um poema qualquer
Não pra ele
Da rede da varanda - pra fora
Um mar infinito em minha frente.
O tempo chuvoso esconde o azul
Mas o azul tá lá. Existe. É real.
Pensei nele!

Continuo escrevendo um poema qualquer
Não pra ele
Da rede da varanda - pra dentro
Uma sala vazia com uma fita métrica no chão
Imagino móveis, cores, quadros, passos...
O atraso do carro impediu a mudança
Mas ela tá lá. Existe. É real.
De novo,
Pensei nele!

Finalizo aqui um poema qualquer
Não pra ele
Da rede da varanda penso em uma estrada,
em um ônibus e em um sol que faz do outro lado
E vejo um garoto com tênis marrom e mochila nas costas
No ponto
Esperando, esperando e tentando...
... enquanto eu termino daqui o meu poema qualquer
Não pra ele
Mas ele tá aqui. Existe. É real!
Outra vez,
Pensei nele!