sábado, 22 de outubro de 2011

Favor não tocar


Entrei no museu
Parei em frente a uma obra de arte
e li ao lado uma placa que dizia:
Favor não tocar
O que pra mim significa:
Espere o guarda sair

A obra era um quadro com um homem lindo desenhado
carregava no ombro um menininho e ao lado,
sentada em uma pedra, tinha uma mulher loira,
parecia ser mais velha,
seu rosto estava totalmente desfocado –
- não sei que nome dá a esse efeito em pinturas -
mas parecia ser proposital.
Eles estavam em um lugar alto, tipo montanha 
e um céu azul se destacando ao fundo
 – muito azul – 
era o que mais chamava a atenção.

Fiquei horas olhando,
pensando de onde eu conhecia aquele lugar,
aquelas pessoas.
E esperando o guarda sair, claro.

Era um quadro e só – pra uns.
Mas eu queria tocá-lo e nada me impediria

O guarda saiu.
Rapidamente levei minha mão na tela
que diretamente tocou o rosto do homem lindo,
a criança sorria pra mim.

Passei a mão delicadamente em seus cabelos encaracolados,
senti seus lábios, sua textura,
como se ele tivesse mesmo ali, parado
em minha frente
O fundo azul nos aproximava ainda mais,
como se o empurrasse pro meu colo.
Dava pra sentir que ele queria.

Ouvi os passos do guarda.
Era domingo e anunciavam sua volta.
Me despedi. Ri de mim mesma por aquele momento.
Chorei por uma saudade inexplicável 
e boa, 
e louca, 
e mágica.

E assim, sempre que posso vou visita-lo.
Leio um poema, escrevo um poema 
e ele tá lá eternizado na obra de arte que mudou a minha visão.
E assim, sempre que posso vou tocá-lo.
É só esperar o guarda sair.



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