quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Como ser outro antes de ser cinzas?



Deixar pra traz a caixa de concreto
com paredes reverber
janelas com cortinas de seda
e porta delay
é atirar uma pedra na vidraça do vizinho
e pedir uma xícara de açúcar no dia seguinte


é se arrepender da tatuagem tribal
na fase rebelde dos 18

dizer no fim de uma noite insana
o tal do “nunca mais eu...”

provar um santo veneno
lamber as pontas dos dedos
acordar de ressaca
e tomar um banho de gilete 
num pote de  álcool
com cara de piscina do prédio no verão

sentir o gosto do sal
das lágrimas de Nietzsche
e só ter forças pra chamá-lo de louco

Recomeçar
é antes de qualquer coisa
enlouquecer

Pra nascer
É preciso morrer
de pé
e saber que no fundo do poço
tem eco

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